Eu preciso te contar que me encontrei nessas pradarias. Impossível me despedir de Montevideo sem deixar uma parte de mim. Parte importante que aqui se instala a espera do meu retorno como criança em porta de escola esperando pela mãe.
Assim é... Quando teu lugar é tantos encontrar-se numa parte do avizinhada do mundo é deixar-se ficar um pouco, em parte e partir sem olhar para trás e já com desejo de voltar.
Fica a imaginar quando poderei regressar ao tempo em que sinto que está longe longe daqui a oportunidade. Quem sabe o que o futuro me reserva em minha nova morada. Esta a que me propus uma experiência de permanência. Lograrei? Não sei, nunca sei quando de súbito recolherei as roupas do varal direto para a maleta e montarei a casa nas costas para noutras paragens me instalar com ânimo definitivo enquanto dure.
A ver, te diria, se me ouvisses agora. Mas não me ouves agora, por que este Caio a quem escrevo não está neste momento. É Caio que vive num futuro distante e distópico, numa Montevideo de muros erguidos, num mundo cheio de fronteiras fechadas em que assumimos máscaras que nos revelam e alguns exibem rostos desnudos em assintoso afronte ao direito sagrado dos demais.
Sim, a distopia nos flagrará em alguns anos e tu, Caio serás o mensageiro destas notícias agora antecipadas a mim.
Sei que serei mais feliz quando te encontrar em minhas linhas curtas, numa prévia de um metaverso multiversátil qualquer.
O encontro será inevitável por tudo o que vivemos cada vez que sonho com Montevideo desde o agora findável ao infinito não vivido ainda.
Espero você em algum momento daqui para adiante.
Em algum lugar insuspeito ou momento utópico.
tua desde já,
Anita Lopes
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