terça-feira, 30 de agosto de 2011

O Amor não morre, apenas muda de lugar - Carta à D. Maria

Querida D. Maria: Entendo. Eu o amo ainda, mas o amor mudou de lugar. Deixou o quarto, a sala e a cozinha e foi para o cômodo das boas lembranças que não voltam mais.

Fui uma daquelas mulheres de Atenas, vivi para ele, o que era um grande orgulho para mim. No incío, antes dos terremotos que abalaram esse amor, me banhava em leite e me perfumava para ele, esperando ansiosa pelos momentos em que estaríamos juntos. Mesmo fustigada, pedi, até implorei por sua presença em minha vida. Mirei-me naqueles exemplos, das histórias tantas vezes repetidas quando era menina, e por ele sofri.

Assim, quando partia para a batalha por seus ideais, eu o esperava paciente tecendo um tear de afetos e sonhos, esperava sua volta para saciar a sua sede, para matar a sua fome [de leão]. E assim era: chegava faminto e eu o alimentava de carne, de afagos e afetos.

Tantas vezes despi-me de qualquer orgulho, apenas para estar com o guerreiro de Atenas, escolhido para habitar meu coração. Mas quando ele, contumaz, buscava nos braços de outras melenas os afagos e afetos que lhe reservava com exclusividade, fui morrendo aos poucos. E meus olhos antes brilhantes quando ele voltava pros meus braços, foram ficando opacos e distantes.

Ainda que temendo por ele e torcendo por suas vitórias, ouvia o eco de minha voz em seus ouvidos surdos. Vesti-me de negro, encolhi, conformando-me, recolhida e pequena. Mas não era mais sua pequena.

Vi-me murcha, flor sem nutrição, e decidi que não murcharia, nem secaria mais. Levei aos poucos o amor a ele dedicado para o quarto das lembranças, junto com a peça - tecida com fios de esperança - no aguardo resignado pelo amor do guerreiro, por afagos e afetos. 

Não pense que não me dói, D. Maroca. Abandonar a mulher de Atenas que fui apenas para ele - e sempre quis sê-lo - para, guardando os sonhos numa caixinha apertada no fundo do baú do último quarto do corredor, seguir a vida, virar a folha, como quem arranca a página de um folhetim.

Mas, assim é a vida, feita de escolhas, não é? Eu fiz as minhas e não me arrependo de nada nessa história. Tudo valeu a pena.

Fique bem e não esqueça de alimentar os sonhos.

Forte abraço,

Anita L.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Alberto Tibaji: Visita a Evandro

Alberto Tibaji: Visita a Evandro: Querida Anita . Saudades. Hoje estou pela primeira vez na nova casa de Evandro. Chegamos. Ele não entra. Precisa, como de rotina, parece, ...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Quereres?

Caio: As coisas só terminam, quando acabam. Acabou. Era isso que tentara dizer. Tens razão em ser rude, mas te enganas se achas que amo alguém que não és tu. É que te amei um dia e de tanto amar-te, me agarrei a este amor tanto e tão profundamente que quando ele deixou de ser, eu ainda era [tua]. E assim sendo, já não era livre.

Estava enredada na história que vivemos, nos momentos bons que partilhamos e não via que não éramos mais. Não me dei conta que nossos momentos agora, eram reprises desbotadas do que fôramos, mera repetição. Não conseguimos nos reinventar.


Mas sou insistente, tu bem sabes. E fui ficando. Tentando encontrar em ti aspectos não percebidos, novidades, tentanto inventar momentos partilhados, afetos compartidos. Não, tens razão, não foi possível. Não por que não sejas, mas por que eu já não sou. E sendo outra, quero mais.


Quero mais da vida, quero mais do amor. E não é o tamanho do que me dás que não é suficiente, se me desses a lua e as estrelas ainda assim, não serviria.  Por que é essa novela reprisada no meio da tarde que não me satisfaz. Mas as cartas [ah! as cartas...], destas não abro mão. A poesia dessas missivas é o que ainda hoje nos conecta.

Então, sigamos...sigamos...

A.L.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Alberto Tibaji: Querida Anita

Alberto Tibaji: Querida Anita: “O quereres e o estares sempre a fim Do que em mim é de mim tão desigual Faz-me querer-te bem, querer-te mal Bem a ti, mal ao quereres assi...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Alberto Tibaji: Resposta ao reencontro

Alberto Tibaji: Resposta ao reencontro: "Querido Pedro . Devo confessar que me assustei com sua vinda. Também me irritei. Num período tão curto, pessoas tão díspares me visitaram: v..."

quinta-feira, 4 de agosto de 2011