Som do teu nome reverbera no céu da minha boca. Foi forte o abraço. De súbito me senti inteira em ti. Te senti inteiro ali. Algo novo se fez. A urgência era semente, como inda agora é. Sinto lonjuras de ti e surpreendo-me. Hoje te receber em mim é tatuagem. Logo em mim que não me dou a essas coisas.
Sinto inda agora a pulsação quente do teu corpo no meu. Meu corpo escorre de saudades, Gaspar. Já? diria o homem que não escolhi. O homem que não escolhi olha distraído do outro lado da mesa. Brinca com as palavras, voa de bicicleta, visita o limoeiro, a cozinha e o terreiro. É homem-menino.
O homem que não escolhi me leva para a ilha, a navegar em canoa e ver estrelas em letras e imagens. E vai tatuando sua passagem. Marcando minha passagem. Escapo. Sempre escapo, mesmo com todo o calor que deixastes de herança, as montanhas me abrigam do inesperado e do improvável.
Parto. Sigo meu caminho. Olho para trás de soslaio sonhando ainda a viagem de canoa com direito a banho no mar à noite sem roupa e cozinhado com as mulheres. Parto. Mesmo assim parto e sigo a caminhada sem olhar mais para trás.
Há muito esperando aqui. Há muito por plantar, muito a colher, muito a fruir nas alturas das montanhas, nas cachoeiras e nos rios. Há caminho a caminhar. Não carece olhar para trás - Anita repete para si. E segue. Segue não apenas apesar das lonjuras, mas também por causa delas.
Que as deusas te cuidem homem-menino.
Tua,
Anita
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