segunda-feira, 28 de maio de 2012

Cabo Frio

Alberto,

Hoje estou tão triste... Às vezes chego a pensar que Caio Fernado Abreu é meu alter ego [santa arrogância!]. Mas vê lá se não é, Alberto, você que me conhece e que sabe da história de Cabo Frio, olha esse fragmento dele se não sou eu:

'Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.'

... E não foi. E quer saber, por que há sempre quem queira mais do que você pode ofertar e não se contenta e não se 'submete' e se ofende se não for no tempo e na hora que quer as coisas, como se fora o umbigo do mundo.  Como se o mundo fosse guiado por controle remoto e tudo girasse em torno dos planos feitos.

Perplexidade me causa essa a falta de capacidade de lidar com a frustração que parece epidemia nesse mundo pós-moderno. O mundo gira, gira o mundo. Às vezes  planos não acontecem como foram feitos [frequentemente, eu diria, sem medo de errar]. E que mal há nisso, não é Alberto? [não me conformo: estou inconformada]. Tantas coisas acontecem. Somos tantas e tantos.

A reação me causou de tal modo que me senti socada no estômago. Só pode ter algo de errado nisso. Senti-me agredida, sabes? Mesmo, muito agredida com aquela fala que virava as costas sem conversar. Lembrei-me de imediato da minha primeira experiência com um homem. Não! Não quero isso. Sinto muito. Essa roupa não me serve.

Virei as costas [arrasada] com o equívoco a tamborilar as temporas. E o final de semana que prometia ser mágico, virou esse soco no oco. Solto o ar numa baforada longa e generosa comigo mesma. Cansaço. Quanto mais eu rezo, Alberto, querido, mais assombração me aparece. E quando penso que encontrei alguém com alguma maturidade emocional... Puff...

Não me leve à mal, perdoe-me esse desabafo inominável. Mas, sabes como sou, pura paixão, pura emoção em estado bruto.

Deixo-te com um afetuoso abraço e um olhar daqueles que pede um colo, um chocolate quente para aquecer o corpo [e a alma].

Tua sempre,

Anita.

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