sábado, 11 de junho de 2022

Carta para Ele

 Àquele que não encontrei

SJDR, 11 de Junho 2022


Hoje Vênus está em Touro. Finalmente juntos o signo e seu regente, com todo o tempo do mundo para sentir. Todo o tempo para saborear e viver as sensações e os prazeres da mesa, da cama, do chão e do infinito particular deste encontro. 

Hoje, véspera do dia dos namorados do ano de 2022, o começo da segunda década do século XXI. E sigo. Sigo a caminhada iniciada há 5 décadas, mudando de endereço, de cidade, de estado, de região e, quem sabe de país em busca da saudade do que não vivi, dos olhos que nunca vi, do cheiro que ainda não senti. 

Hoje, dia em que comemoro os 22 anos de separação do pai dos meus filhos. Dia em que celebro tantos dias dos namorados aquecida por um tinto ou refrescando a vida com as borbulhas da espumante, bem acompanhada com amigas, em festas de solteiras. Dia de lembrar da crônica lida em Arcamundo  'amigos são para sempre'. 

[são para sempre?]

Hoje diria que tudo o que guardo na memória é para sempre. Tudo o que me lembro [e me lembra] é para sempre. Não é bom ou mau. É eterna em mim a saudade do que não vivi, o força do olhar com no qual meus olhos ainda não pousaram, o aconchego do abraço na noite fria que no endereço número 36 não encontrei. E, por uma estranha razão, que não sei se é cansaço ou sabedoria já não me entristece. 

A saudade já não é nostalgia é memória e desejo de manter acesa a chama no centro da casa e o sorriso que ora me habita suave e terno como agora me encontra. 

Tanto tempo em busca de Ti nesta Terra de ninguém. Tanto tempo me negando a receber todas as dádivas que me foram ofertadas por que não vinham de Ti, para enfim perceber que sempre foram Tuas. Que sempre vieram de Ti e que, ao contrário do que pensava, não estaria te traindo ou substituindo. Estaria sim, [re]vivendo novos momentos com outras formas de Tua manifestação. 

Percebo agora quantos nãos disse, quantas portas fechei, quantos finais escrevi, quantas cartas finais enviei, quantas vezes busquei em fuga teu colo, quando sempre estivestes disponível para mim em outros braços, em tantos abraços, em quantos olhares doces e disponíveis. 

E talvez...só talvez escolha agora desconsiderar o chamado, os gritos, os gestos que me sinalizam a partida  e serenamente fique. Talvez incorpore toda essa energia para pintar as paredes, empurrar os móveis, reformar o terraço, ajeitar o jardim e, simplesmente permaneça. Serenamente permaneça. 

Talvez suba a Serra e la do alto me aventure a permanecer sentindo a brisa fria do inverno passar por mim, como por tantos já passei. Talvez permaneça ali por tantas horas que o sol se despeça e me abra a chegada da noite estrelada, talvez aceite tuas dádivas e abra meu coração para o teu Amor que sempre esteve disponível para mim. 

Talvez agora me permita preencher com teu Amor abundante e diga Sim em lugar de tantos Nãos. Talvez agora possa finalmente me entregar ao teu Amor e transbordar o meu Amor sem reservas ou senões. 

Talvez, só talvez este seja um ano diferente em que eu finalmente pare de correr. E se ainda me quiseres, cá estou. Pronta para dizer sim e me entregar a Ti completamente. 

Sempre Tua, 

Anita Lopes.


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