Querido Caio A.
Tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Minha vida, como de hábito, é regida pelo balanço do mar. Ondas que vem e que vão. Ondas que arrastam até me por de joelhos, ondas que passam, ondas em que flutuo, deixando [me] levar.
[minha garganta arde em fogo enquanto te escrevo]. Coisas não expressadas,dirias tu. Pode ser, diria eu. Fato é que não consigo expressar. Às vezes o silêncio tem tons e tonalidades e é tão claro que nos cega [não fui eu quem escreveu, foi M.]. Neste caso o silêncio é claríssimo, mas não enxergo. E como não vejo, não falo e se não falo fica aquilo preso na garganta esquentando, queimando, querendo sair. Mas o quê?! - diria eu.
Sinto-me... Vulnerável.
Sem lugar, sem lar... Mas não é tristeza, é quase nostalgia, mas nostalgia não é.
...Há em mim esse sentimento sem nome, sem CEP, sem nada. Sentimento de ser amada [voz passiva?]. Ora arrasta uma ponta de medo, ora põe sorrisos tortos no meu rosto. Faz olhar pela janela em dia de chuva e sentir que as gotas que escorrem pela vidraça, escorrem em mim. É sentimento de interrogação [que faço com isso - que há para fazer]. É preciso fazer ou o melhor é fazer nada?
Há uma canção que diz 'saber amar, é saber deixar alguém te amar'. É preciso ser inteira e dizer sem máscaras: 'Lamento, nunca soube e não sei [ainda,eu acho]. Vulnerabilidade, pode ser a palavra que busco para designar o tal sentimento anônimo que habita o peito, as pernas, o estômago, o corpo [afinal, sempre ele]. Saber amar: Work in process. Será?
Deixo-te agora, com o vento soprando frio em mim, as gotas de chuva escorrendo no avesso de mim, atrás do que está por trás de todo sentimento [não sentimento].
Sua,
Anita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Responda as Cartas de Anita